Apenas isso e algo mais: 8. Mostrai-mo

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

8. Mostrai-mo

O homem que eu amo e por quem choro,
mostrai-mo, meu Deus! pois que vos imploro,
senão, dai-me a morte.

Esse que é a luz destes olhos meus,
a razão d’eu amar, mostrai-mo, meu Deus!
senão, dai-me a morte.

Esse que, entre todos, mais belo fizestes sê-lo,
mostrai-mo, meu Deus! onde eu possa vê-lo,
senão, dai-me a morte.

O que me fizestes mais que a mim amar,
mostrai-mo onde possa com ele falar,
senão, dai-me a sorte.

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Prefácio

Feliz você que agora manuseia este livro, pois tem o privilégio de acrescentar poesia em sua vida. Um pouco mais nunca é demais. Ou, como todos os poemas já escritos por todos os poetas do mundo, ainda não seriam demais. Então, tudo o que já foi tecido em torno de um livro esgota-se com esta constatação? Será que o livro e a poesia já foram dimensionados o bastante para que tentemos encontrar uma nova forma para isso? Penso que não, pois, a cada poeta que se atreve, que se arrisca em contornos poéticos, algo de novo acontece.

Gostaria, então – preste atenção –, que tomasse deste livro de Andressa Le e o tivesse como livro de cabeceira. Daqueles que paramos para ler e lemos para parar. E pensar. A poesia de Le Savoldi cumpre com essa finalidade de maneira inebriante, envolvedora e poética. Como toda poesia onde está embutida mais que a inspiração do autor, Andressa faz mais. Faz da convergência sua marca registrada, pois, de tudo o que escreveu e publicou, invariavelmente converge para a natureza divina do homem. E isso sem precisar assenhorear-se de discursos do gênero, sem deixar escancaradamente explícito nas palavras. Explícito está, na essência de cada um de seus escritos, na sensação de fim de isolamento que todos sentem quando desamparados, quando descrentes, quando oprimidos, quando revoltados.

Somos produto do meio e, à disposição de poetisas como Andressa Le Savoldi em semear poesia nele, lutando por isso, é dos diferenciais que as pessoas precisam para encontrar-se consigo. Para quem nunca leu poemas, estou certo de que este livro será a porta de entrada para isso, pois essa é uma das características da poesia: deslumbrar e iluminar pessoas, fazer com que elas acreditem.

Boa leitura!

Sérgio Grigoletto

Sobre a autora

Poeta do amor, do silêncio, do apenas... Andressa começou a escrever desde os 12 anos de idade, embora a primeira mostra de sua poesia surgir só aos 14, quando seu poema Numa Estrada é publicado na revista AABB-Rio, em fevereiro de 2000. O contato da poeta com as palavras se dá como um escape, uma tentativa de refúgio para seu eu profundo, isolado do mundo, tornando o gauchismo característica predominante em sua obra, com ênfase ao brilho romântico da poesia moderna.

Aos 21 anos, gradua-se em Letras: Português/ Literaturas pela Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro. É nessa fase de transição dos 20 para os 21 anos, que começa a ocorrer o amadurecimento literário da poeta, sendo percebido nos poemas mais recentes.

Andressa é, ainda, membro titular do Clube dos Escritores Piracicaba; dona da Cadeira n. º 059, da Área de Letras, desde 2005, que tem como Patrono: João Benedito Antonio Jordão. Sendo convidada a tomar posse, em 2007, como Decano do Conselho Acadêmico pelo Departamento de Honrarias e Méritos do mesmo. E, ao participar, pela primeira vez, de um dos Concursos Literários do Clube, recebe a surpresa de ganhar um Troféu Coruja pela 1ª colocação com a brilhante poesia Cinzas de poemas… que abrirá este livro.

Apenas Isso e algo mais é a primeira obra poética da autora, surgindo como um reflexo do amor mais puro e singelo que pode haver no coração “eu lírico”. A obra reúne 20 poemas (e um único conto), desde 1999 a 2006, entre eles, alguns poemas premiados, que, além de comporem outras antologias enobrecedoras, são o marco inicial para o nascimento da poeta... Que promete ao nos premiar com tamanha beleza de expressão, em seus tenros 21 anos.

Uma introdução à poesia

Como é forte uma palavra, um verso inteiro, uma vida num espaço em branco, o tempo em seu verdadeiro encantamento. Na poesia, o que se expande tem sua hora de retrair, pois toca na realidade e os sentimentos, antes abstratos, tornam-se concretos.

Se na vida há o elo com a morte, há também na poesia, cujo maior argumento é a palavra constituída de emoção. Tudo o que nasce no papel morre ao findar das linhas, mas não por pontos, esses são indiferentes ao se deparar com o que é maior: a palavra, pois tudo termina com a palavra. Ela dá à vida ao mesmo tempo

em que sentencia à morte.

A voz poética é uma voz comovida, vibra a inocência, imita o mistério que envolve o ser, faz da fantasia realidade e torna toda palavra em verdade. E, por virtude de minha natureza, eu vivo a paixão de meus personagens. Visto que a poesia é universal, verossímil e se faz necessária para que se saiba sentir... Ela nasce, simplesmente, para deleitar e comover qualquer coração, até mesmo aquele que não é emoção ou não tem sensação. Não se escreve o que não se sente, mas o poeta é um grande ator quando mente.

Aqui, o eu-lírico descreve, em silêncio, as emoções sentidas pela alma afogada no amor, que é, entre todos, o maior sentimento. E percorre um caminho de descobertas até se encontrar consigo mesmo. Porque isso é o que mais almejamos: conhecer nosso profundo eu.

Pessoa diz que “um poema é a projeção de uma ideia em palavras através da emoção. A emoção não é a base da poesia: é tão-somente o meio de que a ideia se serve para se reduzir a palavras”.

Digo que a poesia nada mais é do que vida. E vida em abundância! Quem não sabe escrever, que leia. Quem não lê, que ouça. Mas ninguém se negue a receber oxigênio.

Ela é o mel que a abelha-poeta formou do néctar-palavra, é a melodia que deve permanecer intacta por sua rima, senão que sentido tem a poesia? Ela é feita de doce melodia. E pós-moderno é saber descrever os sentimentos em seu mais belo pensamento.

O SILÊNCIO CRIA O PENSAMENTO, E O

PENSAMENTO CRIA A POESIA!

A AUTORA

A poeta por si mesma

Nasci num pôr-do-sol, dia 19 de Junho de 1985, no interior do Sul. Fui registrada dia 20. Em Dezembro de 1989, minha mãe, Lair Eula, veio a falecer, aos 36 anos de idade - uma mulher única, de uma bondade incrível - deixou apenas exemplos. Eu tinha quatro anos... Depois desse dia, cresci dentro de um quarto, buscando uma razão pela qual eu pudesse continuar vivendo... Precisei de 15 anos para superar. Ainda choro quando me lembro: eu sou cada traço dela. A minha poesia é inspirada no que vivi. Tudo o que escrevo é um reflexo do que sinto. Só quero dar ao mundo um pouco do mundo que me fez ser mais. É minha gratidão pela vida que me fez um ser profundo, pois precisei perder o que mais amava para poder entender o que era o amor. Ser digna da admiração de todos é um mérito que eu não mereço: sou só uma menina apaixonada pelo silêncio... Honras... A Deus.

(2º lugar – Concurso da IstoÉ Gente – 06/06/05)