"A palavra que se traduz em tantas outras, em sentimentos dos mais nobres: assim se desenha cada página deste livro. Apenas Isso e Algo Mais é uma obra que, através de suas poesias vivas e pulsantes, mostra um universo feminino cheio de amor e emoção. Cada página representa um tempo, um instante vivido com intensidade múltipla e que agora, apaixonadamente, perpetua-se em um livro. Sentir ao máximo cada palavra: é apenas isso que Andressa quer de nós." Litteris Editora

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

11. Poema de noz

Nas noites nebulosas que eu passo,
vou caminhando neste mundo ordinário
deixando marcas marrons com os dedos na parede.
E com paradoxos escrevo tudo o que penso,
nessa dor que sobe pela garganta
queimando o meu sangue amarelo.
Não sei a que fim chego
com esse reflexo que me fere a alma;
Não consigo abrir os olhos diante de mim mesma
e se faço,
avermelham-se...
Essa rachadura no meu coração,
formou-se por saber que não há asas
que suportem o dobro de seu peso.
Dias vão passar...
e eu me verei dentro de um lugar
que não consigo sair...
Dali cairei em prantos,
como a chuva cai sobre as folhas
e pinga no chão.
Embora saiba
que hei de fugir co’a minha voz,
meus pensamentos sempre vão estar longe daqui...
Quero correr a um passo da terra,
no ar...
Sentir a umidade do vento e olhar
para todos os lados e ver
pássaros sorrir!
Transpor o arco-íris e nunca cair.
Quero alcançar as estrelas...!
Transformar-me na mais pura e delicada flor,
com um perfume supremo que nunca se sentiu.
Quero ver nos meus olhos um brilho azul...
Deixar o tempo no seu momento,
voltando e refazendo o que ficou mal acabado.
Quero andar...
nestes passos que só são meus,
nestes sonhos que pertencem
unicamente a mim.
Pois assim estive a vagar na solidão
que permanece onde estou.
Poema que se desfalece...
Almas que se unem...
Inspiração que se renova
na proporção em que os cravos crescem,
mas um a um há de soltar-se
deste caule mergulhado em óleo,
pois aproxima-se de sua hora...
Não existem palavras que clareiem a mensagem,
mas há silêncios que a levam
entre cantos de qualquer paragem...
Dada a perceber,
sem adquirir compreensão.
Essa é a música de uma menina
que, crescendo por fora,
permanece a mesma por dentro,
embora haja os que duvidem
das notas de sua melodia.
Como as nozes...
são iguais quando se vê,
mas quando se abrem
não revelam a mesma cor,
e se confundem na negritude do apodrecer.
Se discordo minhas letras,
estes serão meus versos
em sua exata discordância...
pois a beleza está no desconhecer de todos
e no saber como ninguém
a profundidade de minha própria obra.
A noz brota em meu ventre,
neste amanhecer do existir,
como natureza perfeita de um começo
cujo brilho jamais se apagará...!

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